feliz aniversário

não esperou mais pelas belas palavras. enquanto sinceramente dizia:

- eu não me desculpo pelo corpo exausto

- eu não me desculpo pelos ossos expostos (estão todos arrepiados?)

porque nos pertencíamos à loucura de amar até a miséria:

e que fosse um dia ou depois de tantos anos, em algum dia seria:

- eu olhei por entre a porta, e por depois dela, e pelos corredores, e por entre os prédios, eu tenho a nítida imagem da saída desta garagem.

lhe deixei com os pelos entre as maçanetas e estas portas todas que teria de limpar. (para não sentir-me mais o perfume do seu deleite)

- eu não me desculpo por tuas mãos masturbadas (que era amor, não era?)

Fizeste da loucura o par sem fim de medos. pelo que não recearia entregar nada:

- já não lhe entregava do meu tempo?

Como não acontecer de vibrar um instante por ter sido amado e sentenciado nestes dias calmos em que dormiste teus olhos nos meus travesseiros: das palavras verdadeiras enquanto era tempo (pois não se pode mentir no futuro. seria ilógico, querido).

ousou aniversariar sem ti (porque ele não sou eu, quando estou sem mim).