de noite. eu penso. que vou te ter.
Tatuagens sem nome: repousam no teto. repousam em preto e branco sobre as janelas inquietas: abrem e fecham como filme de terror.
e este frio na espinha?
e este frio nos olhos? a cabeça erguida como se morresse em paz.
frio é o coração que sabe. (e espera)
eu esperei. eu esperei meses, eu esperei para ouvir sua voz pela primeira fresta.
a amargura falsa que criei em riso.
a margem que era tua
eu aproximei de mim
você pode me ouvir? você já ouviu que eu chorava?
não eram goteiras aquelas
eram
as lágrimas que materializei em ti (seu corpo continua suando durante a insônia?)
talvez eu seja um fantasma em
flor de orquídea
eu seja um veneno bom
o momento de me lembrar por baixo do estrado de madeira:
pó nos teus pés que acordam.
eu sou um caminho
e você, o que fez comigo?
despertou meus dedos, despertou até o que eu tinha de ruim:
me deixou pequeno como um escorpião
e ainda poderia ser menor
do tamanho deste espinho.
este espinho nem dói. é dor. nem dói, é dor, meu amor, não aperta nas mãos, elas já tem sofrido da minha ausência.
este são os olhos que eu tenho
estes são os dentes que eu apresentei. tenho me machucado num silêncio próprio e duradouro.
(ninguém acredita no meu amor. você acredita? ou nunca passou por ti que eu estivesse bastante sincero)
nos veremos outra vez? ou tu tocarás pra mim novamente as chamadas não-perdidas, porque não dormi para te atender em noites sujas.
falas comigo novamente.
o tempo que a gente vê, é doloroso, por isso te excluo (imprimo fotos no escuro). ou o tempo de ouvir sua voz é o bastante para não sair de ti.
ou se nos lemos e nos dedicamos daquelas músicas: a gente sente como é própria a fraqueza dos amantes.
eu fui um bom amante ao te beijar só o pescoço e te tocar o dorso com os dedos. eu tenho esta memória, mais marcante que os meus receios. os teus... onde estão meu amor?
Tenho ouvido: rimos mais porque era curto o nosso tempo para desgastar com bobagens.
(vejo que fizeste bem a passagem)
agora sabemos que nunca nos ferimos. ou você me seduziu até que morresse essa minha parte perigosa que é o rabo torto em ataque. flor de escorpião, não é mais que um espinho bonito.
talvez você protegesse o mundo de mim, e congelasse meu tempo, nosso amor.
não conseguirá deter ninguém que me olhasse nos olhos. não conseguisse parar ninguém que tem me tocado os ombros. não conseguisse avisar que eu serei o perigo dos homens sãos.
(eles eram doentes antes de ti. eles eram estranhos antes de mim eles nem sabiam que eram tão fortes assim capazes de me deter sem a tua presença eu não me detenho eu sou tua sombra ao meio-dia o mais próximo a ti. a pino)
porque eu já lhe disse, amor, eu lhe falei, dos meus braços abertos em bondade?
sê crente em mim, pois eu lhe disse amor, que ao ouvir sua voz eu sorriria e entre os lábios o líquido escorrido de uma lágrima bonita.
o que temos feito entre você e eu: um campanado de flores.
uma emboscada de tremas - inúteis ainda inúteis e sumidas.
uma trincheira de plantas carnívoras: nos alimentamos bem.
você quer ver o roteiro que eu criei. você quer que eu leia os seus novos poemas. você quer que eu usurpe por quem, amor.
eu sempre nos disse que era forte: para esperar mais três meses e ouvir nossa voz
de repente
você também percebeu que por um tempo curto nós - de repente - seríamos
felizes
neste dia.
Um comentário:
organizar palavras, sentimentos e imagens é um dom! você sempre me fazendo sentir, respirar... adorei. sou escorpião também nas frestas que sobram (e são tantas)
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