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19 outubro 2009

Líquido amor

Colocava as mãos debaixo dágua e com água mesmo
purificava os germes - vermívoros - contraindicados ao coração

putrificava em seu tempo os restos

e dos cabelos frágeis sob a papelada: artigos
indifinidos
insonsos de si
colhia fotografias mortas

o líquido esparramado de um amor
ingrato
dizer, ingrato, de verdade: era o tempo

este sim, escorrendo por entre os prédios
feito chuva que é o tempo

das nuvens perversas, estas enganosas que brilham ao sol
poente
e crescente também vêm descortinando as fantasias todas
ao se entreter com a lua: igualmente solitária
embora seca

só o amor fraterno, poderia saber, então: que com ele estaria a salvo
de todas as discordâncias
do espírito

amar, ainda que fosse, ao final do seu jogo (play-station)
permanecer rente aos fantasmas: dizer-lhes nunca adeus
pois era bom de coração ainda que dos olhos dissimulasse trevas

ou líquida era a brincadeira de pretender amar sabendo, sempre sabendo,
que seu coração murchou naquela centrífuga
deixava apenas úmida a roupa estendida e pregada aos dentes

sorria indo assim
porque o tempo seca
em dias claros o que molhava.

Um comentário:

Schaita disse...

Em ti
Somente em ti
Encontrei a poesia
Viva...

Só o tempo
Talvez
Poderá curar-me
O meu amor (imenso amor) mudo...
Amo-te!