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23 março 2009

Moloc

Por que de tuas ancas
eu suguei um pouco
e nem de arrependimento
morro

vou lhe
voltar a ver
e a todo cigarro fumado
queimo um pouco

no âmago é a minha infância
que apeio em sacrifício
nas tuas mãos de pedra quente
sinto e sintas - por empatia
primeiro os pêlos se acostumam
depois de um grito agudo
morre criança morre
não durma a mais

Moloc mata

porque das mãos passa ao ventre
que é fogo
puro fogo no estômago

Vê, a imagem é forte:
causa em certos deuses
vômito e lástima

revolve o pó que eu salpico
na comida.

Moloc, oh, deus moloc
és tu
o que eu resto agora

trazer-te nova ninhada por ter me dado alento.

Àqueles sem primogênitos, Moloc, ri dengraçados.
para mim cujo entrego
a única criança primeira minha

(Moloc, tem os braços abertos e num instante meu rosto rejove!)

Nada se procriará de quem o nome eu disse
e direi: aborta

(é melhor, que antes jogar ao fogo, se tens dó.)

na película acostumada a pedra palma da mão gigante:
queima
vamos Moloc
Moloc, sou eu

descasca que a pele rastreia
e tivesse agora nascido: não sou mais belo?

- Hoje eu entreguei a minha criança
em minhas pequenas rasteiras

onde só a alma corajosa
aquece (e queima)

Um comentário:

Tamara Eleutério disse...

poema-insight.
sonhei moloc sem sabê-lo, aliás, sonho.