Poderia ser a letra da nossa música
mas não é
tu não estás aqui
tu és parte de um assombro:
desde criança ele via
o demônio por detrás dos copos
desde criança sorria
o demônio
te encomendava um verso
e encomendava
também: orelhas e risos
desde criança
era o primeiro desenho:
portal do inferno
sem
parar (quase sempre)
Ele tinha sonhos quando cresceu
nem drogas
nem espirros
eram sonhos crescidos
nada apocalípticos
e o
demônio
ficou lhe devendo um
pedido
Quando adulto aprendeu a rezar
e o demônio
ali-ali: espia o demônio pela janela
espia!
E seus amores, o demônio
possuiu
Mas o pedido,
grande pedido, não vinha
nunca
viria
até aqui.
Agora ele pede:
que o amor envelheça
seque na sua garganta
amor seco
como é o seco do nordeste
amor seco
que nem apodrece
o demônio de repente
atende
- eu quero os dias deLe para mim
todos os dias
todos os dias e os cabelos
não
os pequenos movimentos
e sim as dúvidas
e, por fim,
o pensamento.
Até o diabo se divertia
que o
sofrimento-amor
secava
e por dias e dias
até sua morte
ninguém mais
O
salvava.
(eu também)
Um comentário:
lembrou-me uns versos da hilda hilst:
"nada mais pedi a deus. mas pedi mais à lua: que tu sofresses tanto quanto eu"
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