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30 janeiro 2009

Sei de Tudo

Poderia ser a letra da nossa música
mas não é
tu não estás aqui
tu és parte de um assombro:
desde criança ele via
o demônio por detrás dos copos

desde criança sorria
o demônio
te encomendava um verso

e encomendava
também: orelhas e risos

desde criança
era o primeiro desenho:
portal do inferno
sem
parar (quase sempre)

Ele tinha sonhos quando cresceu
nem drogas
nem espirros
eram sonhos crescidos
nada apocalípticos
e o
demônio
ficou lhe devendo um
pedido

Quando adulto aprendeu a rezar
e o demônio
ali-ali: espia o demônio pela janela
espia!

E seus amores, o demônio
possuiu

Mas o pedido,
grande pedido, não vinha
nunca
viria
até aqui.

Agora ele pede:
que o amor envelheça
seque na sua garganta

amor seco
como é o seco do nordeste
amor seco
que nem apodrece

o demônio de repente
atende

- eu quero os dias deLe para mim
todos os dias
todos os dias e os cabelos
não
os pequenos movimentos
e sim as dúvidas
e, por fim,
o pensamento.

Até o diabo se divertia
que o
sofrimento-amor
secava
e por dias e dias
até sua morte
ninguém mais
O
salvava.

(eu também)

Um comentário:

marcio markendorf disse...

lembrou-me uns versos da hilda hilst:


"nada mais pedi a deus. mas pedi mais à lua: que tu sofresses tanto quanto eu"