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14 agosto 2011

Carta não entregue ¬ 005

Sei o quanto irreais são as palavras. O quanto elas são pretensiosas.

Mas deixe que eu as escreva.

Deixe que passem por mim cravando nessas solitárias linhas o que de belo existe entre a pele e o âmago.

Não te tornes, porém, como as palavras, pretensioso.
Apenas deixe, eu peço, que nossos corpos se expressem por nós quando chegada a hora, e se retrairmos não selarmos mais de afeto, aqui está a beleza contínua que não se apaga: porque escrita.

Que a palavra pode ser a pretensão do presente, mas quem me dirá que ela não seja a própria retenção da chama: fará portanto! e por tanto nos relembrará quão doce já nos beijamos e quão divertidos já estivemos enquanto o caos desordenava as constelações.

Virá o dia em que os homens se expressarão todos pela escrita pura e simples deixando entre os papéis aquele traço expressivo que o resgatará de novo a si quando o mundo for desesperador.

E quando não me quiseres, por estas palavras eu saberei sempre que eu te quis. E por elas mesmas eu compreenderei teu desafio.

Não me sentirei abandonado, posto ter-me aquecido.

Verão 2002 

Um comentário:

Unknown disse...

Eu também penso assim... existe amor expresso e feito somente por palavras...