Sei o quanto irreais são as palavras. O quanto elas são pretensiosas.
Mas deixe que eu as escreva.
Deixe que passem por mim cravando nessas solitárias linhas o que de belo existe entre a pele e o âmago.
Não te tornes, porém, como as palavras, pretensioso.
Apenas deixe, eu peço, que nossos corpos se expressem por nós quando chegada a hora, e se retrairmos não selarmos mais de afeto, aqui está a beleza contínua que não se apaga: porque escrita.
Que a palavra pode ser a pretensão do presente, mas quem me dirá que ela não seja a própria retenção da chama: fará portanto! e por tanto nos relembrará quão doce já nos beijamos e quão divertidos já estivemos enquanto o caos desordenava as constelações.
Virá o dia em que os homens se expressarão todos pela escrita pura e simples deixando entre os papéis aquele traço expressivo que o resgatará de novo a si quando o mundo for desesperador.
E quando não me quiseres, por estas palavras eu saberei sempre que eu te quis. E por elas mesmas eu compreenderei teu desafio.
Não me sentirei abandonado, posto ter-me aquecido.
Verão 2002
Um comentário:
Eu também penso assim... existe amor expresso e feito somente por palavras...
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