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21 julho 2010

Conjuntivite

O que ganhava eram as lacrimejantes
e as narinas também choram

como se a infecção nos olhos não bastasse
conjuntiva àquela outra dor
que mal-trataste

e se vingar daquilo que o mundo exigiu de ti
nos meus olhos castanhos

o enfraquecimento que lhe dou ainda não era suficiente
nem tinha um recipiente útil nos teus braços
(não tinha mais, me dirias)

e não saber o que querias de mim - porque sempre querem algo do meu riso -
uma vez que me abri aos defeitos íntimos (o olho que chora de um lado só)

e era fácil acreditar que éramos amigos
todos os poemas do mundo que ainda serão escritos
quem sabe, por ti.

talvez achasse ou eu mesmo achei que tinha daqueles cílios bem definidos de proteção
mas eles sangram, meu amor, pequenos
e de carne ou alma nos enganam.



Um comentário:

ítalo puccini disse...

um pequeníssimo detalhe assim. um olho. um cílio. uma conjuntivite. como diria manoel de barros, tudo que serve para o lixo, serve para a poesia :)

abração!