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04 abril 2010

o beijo e a morte


o tempo já passou: está ficando frio. mas é o outono você me diz.

é o outono, eu lhe disse.

e era tão forte no princípio e é tão forte hoje mesmo em que me lembro de todas aquelas palavras: sacrificamos o beijo para não nos perdermos de nós.

eu me lembro. de cada detalhe em que percorri seus ombros e do movimento da minha cabeça erguendo o espírito e das nossas lágrimas caindo. até hoje me lembro, me lembro mais que a mim mesmo.

não é estranho que o vento não tenha nos tirado do lugar
não é estranho que até hoje temos tentado nos matar assim
não é estranho que um amor seja tão grande e enorme que, meu amor,
nós já não éramos mesmo nós mesmos

se nós viemos assassinando outros tantos corações enganosos
se nós viemos matando aos poucos o resto de amor ao redor
se nós viemos até nos desenvolvendo em sermos pedra

a duração da dor que leva a dor e nossas decisões orgulhosas
foi este o pacto mais doído entre os homens nos tempos idos

o medo do amor
o medo de não sermos
nos levou a termos desta história: até doentia. até doentes não somos mais.

esperando apenas agora depois dos longos anos
que um de nós parta antes: na certeza deste amor eterno.

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