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02 abril 2010

não tinha medo ao te abraçar


daquele em dia em diante com depois

os nossos braços largos toda vez que eu te via

e meus olhos brilhavam uma cor diferente do que eu já sabia de mim

o mundo inteiro rodava aos poucos como aos poucos foste seduzindo meus cabelos raspados

meus olhos inchados. eu não tinha mesmo o frio mas o calor intenso de um desejo bem pequeno

crescendo em crescendo dentro de tudo, de mim e de tudo: os objetos falavam coisas de me deixar perdido

os objetos me documentavam na solidão em que te esperei e pelo teu riso: chapar no teu ombro tarde inteiras

será que não era isso o amor. eu pensei durante madrugadas. porque de amor tranquilo pode viver um homem são e um homem demente

porque de todas as coisas eu imaginei um futuro numa rede com mil gatos. a chácara extensa de nossos pêlos caídos com o passar dos anos e o mesmo beijo e mesmo afeto dos tempos idos.

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