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30 novembro 2009

Autoretrato (um)

Ainda que se procure
fugia para os hologramas
ainda que se preocupava em não ter amor eterno
e tendo-o marcava as horas com aquela gilete de dez anos
(não estava enferrujada porque esfregou nos dias de nada-fazer)

em dias quentes que virão, o amor continuava
em dias quentes demais ainda sucumbiria a não utilizar nenhuma bóia para o mar profundo: só é profundo o mar, tentava crer.

e a sua humanidade
quando saíria límpida por detrás dos falsos conflitos

sentia-se seguro no amor inconcluso
sentia-se fresco diante do gelo derretendo (e passa rápido o gelo depois do frio).

por-que era incrivelmente Hulk o rosa do seu coração

ainda os hologramas e as bebidas e as baladas desperdiçadas: nenhum vômito era mais profundo que não conseguir tirar de si o amor entalado entre os ossos da clavícula.

Ainda se usava palavras para tentar exprimir e sentou-se quieto e mais uma vez assumiu:
que amava inevitavelmente o amor e o homem.

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