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03 outubro 2010

poema de amor ou mil títulos


nesse conto em que o inverno deveria ter acabado
ou não: tu surgiste em mim e eu que deixo apenas o diabo entrar
fico parado e confuso

(parece até que o diabo nem te impede)

a violência com que teu cheiro vai me despindo
eu procuro não lembrar.

procuro todos os dias por músicas que me tirem do arrebatamento
e imediatamente elas mesmas me arrebatam em ti.

procuro não olhar nos teus olhos:
- ainda é cedo, eu digo pra mim mesmo.
e quando caio nem tu vês que me ergo

de todo este encanto que venho vivendo
fica comigo

(te pediria de todo este encanto que venho vivendo)

mas sumo, por pouco, e reapareço,
fosse uma farsa criada em dias de domingo
que o coração falho procura

e logo que te vejo a minha espinha
contorcida em defesa
as tuas mãos delicadas
em minha cintura - talvez nem tu percebas

e o frio que isso me causa a custa de perder até meu poema

tenho sido forte em disfarçar o que pressinto
ou tenho tido medo: um medo enorme e fracassado
(eu não era assim antes de ti)

e toda vez que tento lhe dizer algo: fujo.

- na última noite acreditava até que o mundo se abrisse pra ti com mil anjos e eu percebesse que eles estavam em teu caminho e então eu saberia de mais um engano e diria até com certo orgulho de já sobreviver a isso.

daí me agradeces a existência eu não sei onde colocar os lábios
eu não sei onde colocar os dedos ou se me fecho fingindo, como sei bem fingir, que já havias passado, minuto a minuto por mim.

fingindo como eu sei bem fingir que sobraram poemas também no caderno
que passar a limpo a escrita era ainda o algo heróico da minha resistência
que logo viria outro e me traria nova história.

há poucas semanas nos conhecemos e o mundo dos amores, meu amor, não se apressa como temos sido acostumados neste século (outras semanas me terão torturado - ainda).

de tuas histórias quase lhe disse:
- queria que uma delas te abrisse a porta mas persistes em mim talvez sem saber talvez porque tropeces neste tipo de pedra como eu.

(que fosse macia de se deitar ao chão)

desde que te conheci
da noite mesma
tenho tentado me convencer
que este é o constante erro do meu coração humano

não tu, meu amor, que és belo.

2 comentários:

ítalo puccini disse...

um conto-poema. ou não.

mas eu gostei.

segue inovando aí :)

Unknown disse...

pôw ita, eu ia colocar no título isso mesmo "conto-poema ou amor de mil títulos! cara! tu é demais! um abração, brigado pelo comentário ;)